quarta-feira, 19 de março de 2008

Caminhos Vazios [3]

Depois de mais uns dias sem postar, lá vai o terceiro ato do meu conto. Espero que seja divertido.

3. Muda Mundo

Kewl saiu daquela capela macabra, e sentiu nojo de ter escolhido aquela cidade para descansar. Se é que teve escolha. Como elas sabiam seu nome? Velha asqueirosa. Onde já a vi? Por que meu Fluxon voltou a funcionar?
Em frente ainda daquela tal "Casa da Benção", ele olhou para ambos os lados. Foi tão fácil sair... elas nem estavam mais lá. Elas? Eu só vi uma. Uma o quê? Enquanto as memórias não voltassem, enquanto ele não descobrisse quem foi e o que fez antes de começar a vagar desnorteado, ele teria que contiuar com essas indagações, forçando sua mente a reagir. Talvez um dia, se Yumyu quiser, ele se lembraria de tudo, resolveria seus problemas e poderia voltar para casa, se tivesse ainda alguma.
Lá na "Benção" ele só conseguiu recuperar sua garrafa gasta. O resto devia ter sido levado por aquele suposto clã de bruxas pútridas. Pegou a garrafa com ambas as mãos e forçou a rolha, curioso: havia um papel amarelado dentro dela. Invertendo-a, e dando vários tapas no apoio dela, conseguiu que tal papel caísse no chão. Abaixou-se, colocou a garrafa vazia no chão e recolheu o papel, que na verdade era um envelope velho e volumoso, selado com um símbolo marcado em cera quente, que deveria ser, anos atrás, algum tipo de leão. Rasgou com cuidado e encontrou duas coisas: a primeira e que lhe chamou mais a atenção, grande quantia em dinheiro. Notas de altos valores, que naquela época apenas reis e bravos guerreiros conseguiriam juntar durante toda uma vida. A outra coisa era um pergaminho rasgado, que poderia até ser um pedaço de jornal, e escrito com tinta negra borrada. Continha a seguinte mensagem:

"Está é a última carta que lhe envio, irmão. Neste momento estou nos meus momentos finais, e nosso deus me aguarda com sua mão acolhedora e cajado. Assim, não posso mais seguir-te nessa caminhada, mas sei que nossos soldados serão corajosos até o fim e não o deixarão falhar.
Adeus, Kewl. Que nossa saga termine, e que você cumpra o nosso objetivo, custe o que custar.
Vença bravamente aqueles que nos perseguem.
De seu amigo e braço direito,
Igor Bergur"

Uma lágrima nervosa correu do olho esquerdo de Kewl. Uma coisa agora ele se lembrava. Tinha um irmão de sangue que lhe acompanhava numa batalha, mas morreu cumprindo sua missão. Estes soldados... Onde estão agora? Qual seria essa missão? Por que esqueci tudo?
Aquele dinheiro todo que acompanhava a carta deveria ser a riqueza acumulada de Igor. Então ele deveria talvez ser o general ou mestre dessa campanha que participávamos... Kewl leu mais uma vez a carta, amassou-a olhando o horizonte infinito e uma lágrima desceu de seu outro olho. Se ele morreu por mim e essa missão, o mesmo farei. Essa guerra talvez não seja minha, mas o mundo me aguarda, e logo chega a minha vez de agir.
Assim, o Bergur vivo deu o primeiro passo de guerreiro em direção ao campo de batalha.

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