Pessoal, estou preparando uma história pra postar no blog, além das outras informações que já venho colocando por aqui. Sempre que quiserem encontrar os capítulos, use a área "Cadernos" e escolha Caminhos Vazios.
Abaixo, segue o ato 1.
1. Aquele que não se fixa
Amarelo. O vento sacudia a copa das árvores em câmera lenta. O sol forte ardia nas penas dos urubus. Tudo que vivia estava seco.
Nessa paisagem hostil, uma forma caminhava. Talvez não um homem, talvez uma miragem. Mas que ele estava lá, estava.
Balangando um sujo saco de batatas aparentemente leve, um surrado chapéu na cabeça que lhe tampava os olhos, uma capa marrom-poeira lhe cobria as costas, uma camisa que já fora branca lhe tampava o peito, uma velha calça não lhe cobria nem mais as canelas. Pés descalços, grossos de caminhar, num trote arrastado e disforme. Ele era manco de uma perna. E na mão direita, uma garrafa. De tão raspada e imunda, não se via se continha algum alcóol.
A trilha invisível se seguiu por mais alguns quilômetros, por infinitas horas, até avistar uma velha cidade de interior. Logo que chegou, sentou-se debaixo da árvore mais próxima e encolheu as pernas. A garrafa e o saco foram postos de lado. Tirou o chapéu e apoiou-o num joelho. Enfim, um rosto aparecia. Viam-se cabelos cumpridos tão desgranhados que as mehores cabeleireiras de Filiópolis diriam que não tinham conserto. Seus olhos cinzentos brilhavam entre pálpebras serradas. Uma barba crespa já lhe passava o pescoço. Nariz era pequeno de largas narinas. Orelhas redondas continham brincos em locais aleatórios. Se alguém fosse personificar a palavra homem sem lar, ele seria a perfeita obra.
Na sua face enrugada tinha mais histórias para contar que qualquer outro velho pelas redondezas. Seu olhar vago fazia-se divagar por quanto tempo já vivera. Contudo, não poderia-se dizer que ele era idoso. Um semblante daqueles de idade indefinida lhe pertencia totalmente.
Os olhos do andarilho fitavam o céu que sobre a simples cidade, cobria de nuvens. Então, adormeceu.
De tão pesado seu sono, foi tido como desmaiado, e levado às pressas por religiosas ao templo do município, que acima se lia "Casa da Benção".
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Bom, esse foi o ato 1, espero que eu os tenha deixado curiosos sobre o meu andarilho. Em breve, o ato 2: Memórias que Virão.
Até mais!
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